
Com a facilitação e a abertura do acesso à informação às grandes massas, pelos mais diversificados meios de comunicação, somos bombardeados diariamente, em quantidade dessa informação, de forma infinitamente superior a que podemos absorver; jornais, revistas, e-mails, sites da internet, celular, televisão, rádio, livros, cartazes. Informação para todos os gêneros, idades e interesses.
Ficamos cada vez mais dependentes destes canais de informação. A quantidade e a diversidade de conteúdo de forma tão veloz se tornam em problema no momento em que já não somos capazes de reter e gerenciar tanta informação de forma eficiente,
A informação em tempo real alavanca negócios e relacionamentos em todas as esferas, e se tornou uma exigência, principalmente no ambiente de trabalho.
O procedimento padrão ao se ligar o computador, por exemplo, é a leitura de e-mails, consulta a sites informativos, noticiários, pesquisas rápidas em mecanismos de busca, acesso a sites de relacionamentos, etc. De link em link nossa mente vai sendo desafiada a guardar informação e mais informação.
Notícias locais, internacionais, cotações financeiras, o trânsito engarrafado, a previsão do tempo para o próximo dia, o evento que estamos esperando, o novo livro que saiu, o novo filme que está em cartaz e ainda não vimos, um novo método, conceito ou descoberta dentro de nossa profissão, o idioma que estamos pesquisando, o curso que estamos estudando, e por aí vai.
Com isso, muitas vezes nos encontramos mergulhando e lendo sobre um assunto que foge completamente de nossa área de conhecimento e interesse. Pesquisamos sobre alguma enfermidade que tivemos, pesquisamos dados sobre os times e jogadores do campeonato que gostamos, sobre uma determinada religião, sobre tipos de vinhos, lugares que queremos conhecer, sobre a política do município, estado ou país onde vivemos e ainda queremos, cada vez mais, ter informações, sobre fatos e assuntos dos mais diversos possíveis.
Cinema, música, tecnologia, futebol, tendências, moda; tudo exige atualização contínua e rápida. Há a possibilidade de recebermos informativos no celular a todo o instante, acessarmos a internet de todos os lugares e por diversos meios, recebermos uma centena de jornais e revistas, assistirmos em centenas de canais abertos e pagos da TV tudo o que em um passado bem próximo só era acessível no mundo acadêmico de uma universidade. Resultado: tornamos-nos vítimas do excesso de conteúdo e da informação em si. que nossa mente jamais poderia absorver. Com isso a tendência é que se chegue à fadiga mental e ao estresse comprometendo nossa capacidade de reter o que realmente é importante.
Entretanto, o maior perigo é o preenchimento do tempo, e confundirmos bagagem de informação com bagagem de conhecimento. A informação pode ser volátil e passageira, superficial e não duradoura, enquanto que o conhecimento é maduro, sólido e duradouro.
A realidade é que lemos muito e aprendemos pouco. Estamos estudando um pouco de tudo e tendo conhecimento de muito pouco. Será que as dezenas de apresentações em PowerPoint, textos e correntes que recebemos diariamente em nossos e-mails precisam realmente ser lidas?
Será que a leitura dos próximos capítulos das novelas, a leitura dos melhores momentos do jogo do time da segunda divisão, o aprofundamento dos estudos arqueológicos do Egito, gravando os nomes dos arqueólogos só para contar em uma conversa de amigos é realmente fundamental?
É comum reclamarmos de falta de tempo para nos aprofundarmos nos estudos e especializações na área em que atuamos, mas é comum desperdiçarmos tempo consumindo informação que, por vezes, achamos ser conhecimento e na verdade não é.
Acredito que num universo cada vez mais poluído de informação “pipocando” de todos os lados é bom identificarmos que o que realmente nos agrega é o conhecimento com sua solidez, o qual o tempo não apaga e nem nos tira.
O segredo parece ser perguntar a si mesmo, sempre: “Eu preciso realmente ler e manter-me atualizado nisto? Eu preciso realmente saber sobre este assunto? O que isso me acrescentará? Imaginar-se num verdadeiro self-service da informação em que eu escolho colocar em meu “prato” somente aquilo que, de fato, preciso para me alimentar. Isso na prática significa apagar muitos e-mails, deixar de clicar em muitos links que te levarão a navegar inutilmente por horas a lugares não planejados, cancelar a assinatura de algumas revistas ou jornais, ir aos canais e programas de TV específicos, e até esquecer-se daqueles cursos ou congressos que fogem completamente de nossa área de formação e interesse principal e surgem no meio do caminho.
E o preço pago pela informação não é barato. Se considerarmos tudo o que gastamos para nos mantermos informados através dos diversos meios de comunicação somados ao valioso tempo em que empregamos nessa busca vamos entender a importância que devemos dar para canalizarmos nossa atenção, nosso esforço, nosso tempo e nosso dinheiro naquilo que realmente precisamos receber e reter.
Ao acessarmos a internet, ao ligarmos a TV ou rádio, ao abrirmos o jornal, ao escolhermos uma revista, ao irmos a um congresso ou matricular-nos em um curso devemos agir exatamente como a correta forma de ir ao supermercado, tendo bem definido o que se quer “comprar”, para que ao passarmos no “caixa” não vermos um carrinho cheio de produtos, os quais não haveria qualquer necessidade de compramos.
Gilberto Horacio
Um comentário:
Eu sempre leio uma chuva de piadas e mensagens bonitinhas que me enviam diariamente. Mas nunca havia parado para pensar sobre o tempo que me tiram rs
Marília Veiga. - Floripa
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