
Até hoje não assisti nenhuma edição do BigBrother Brasil, programa vinculado à Rede Globo de televisão, onde os participantes são confinados em uma casa por meses, onde a cada semana um deles é eliminado, sendo o participante que ficar na casa, por último, o ganhador do prêmio.
Recentemente, acompanhando algumas exibições de capítulos de “A Fazenda” da Rede Record de Televisão, programa com uma proposta melhor do que o BigBrother, por ser em uma fazenda e ter todo um contexto rural, pude perceber que o programa é uma excelente fonte de observação do comportamento das pessoas, principalmente para os psicólogos.
Assistindo a um desses capítulos, um diálogo de duas das participantes, Danni Carlos e Danielle Souza, tive uma opinião conjunta, sobre o que elas refletiam.
Confinadas na sede da Fazendo há 2 meses, sem acesso a TV, rádio, internet, celular, ou qualquer meio de comunicação com o mundo externo, elas comentavam o sobre o assunto do confinamento e da ausência de informação. Disse Dani Carlo: - “Você tem notado que já estamos aqui há quase dois meses e não sentimos nenhuma falta do telefone celular?” A outra participante, Daniele, respondeu: “ – É verdade, nem mesmo da televisão sentimos falta. Isso significa que podemos viver perfeitamente sem estas coisas”.
Isto é uma grande verdade. Em nosso dia-a-dia nos prendemos à tecnologia e à informação de forma tão desesperada, que nos tornamos dependentes de tais coisas. Nos comportamos como que se não tivéssemos acesso ao celular, à internet ou à informação, não poderíamos viver. Isto é dependência.
Há pessoas que possuem dois, três celulares diferentes, e os usam de forma paralela. Consomem informação a todo o instante e já não admitem ouvir alguma notícia pela boca de um amigo, sem que primeiro já tenha visto algo na TV ou na internet. Acabamos, com isso, ficando presos a necessidades, e preenchemos com elas e outras coisas mais, um tempo valiosíssimo que poderíamos estar empregando, talvez, quem sabe, em coisas mais nobres. Não que não tenhamos tais tecnologias e entretenimentos, mas que possamos controlar melhor o seu uso, e voltarmos, por exemplo, a brincarmos de bola com as crianças no quintal de casa, ou na rua, ao invés de permitir que elas fiquem horas e mais horas na frente de um Vídeo Game, de uma TV e do computador.
Nem sempre aquilo que parece ser impossível que vivamos sem ter ou usar, realmente é essencial.
Alguém, certa vez, falando sobre o progresso do município e a tecnologia disponível onde vive, me disse: “-Que bom que nasci e estou vivendo nestas décadas, pois quem viveu neste município há uns 50 anos atrás só andava na lama, e não tinha acesso a nada. Que vida essa gente vivia?”
Eu respondi com a seguinte frase: “Elas nadavam e pescavam e passeavam com a família nos rios que agora nós transformamos em valão. Dormiam com as janelas abertas e sobrava um pouco de tempo ainda para ser mais felizes”.
Será que eles desejariam trocar a vida que viviam pelo progresso que alcançamos?
Gilberto Horácio.