
É comum perguntarmos às crianças o que elas desejam, o que sonham ser quando crescerem. São inimagináveis as repostas que são dadas por elas. Algumas possuem um rostinho de um professor e querem, na verdade, ser um caminhoneiro, outras possuem a própria imagem de um médico e desejam, na verdade, ser jogadores de futebol. Isso é até motivo de frustração para milhões pais que sempre idealizaram uma profissão para os filhos e eles seguiram seus próprios caminhos e aptidões.
Mas isso é algo normal e que provavelmente aconteceu conosco também. Mas como entender os motivos que nos levaram a termos a vida profissional, religiosa e social que temos exatamente hoje?
Se imaginarmos alguém que comece a trabalhar aos 14 anos e pare aos 65, essa pessoa terá trabalhado 51 anos de sua vida. Imagine se todos esses anos forem fazendo algo maçante e detestável, algo que não transmite um mínimo de satisfação e prazer? Simplesmente uma condenação.
Este fato sempre me incomodou porque sempre tive vontade de fazer tudo ao mesmo tempo: ser o cara da tecnologia e ser pastor, ser um advogado e ser um matemático, um escritor, um político, um ecologista, e por aí vai. Acredito que boa parte ou todos que estiverem lendo este texto também já sentiram isso na vida. A cada momento desejam ser algo diferente. Isso é algo que está intrínseco em nós.
Quando, como seres humanos, vemos alguém que desenvolva seu ofício, sua profissão, com prazer e de forma tão plena e completa somos cativados, mesmo que sem perceber, a desejarmos o mesmo para nós. Como é lindo ver um advogado se derramar em um julgamento para provar a inocência de um réu! Como é lindo ver um médico fazer o transplante de coração bem sucedido! Como é lindo ver um piloto de um Boeing levantar vôo sobre o oceano levando toneladas!!
Mas aí é que está a dificuldade: será que estamos fazendo aquilo que nascemos para fazer? É algo que nem sempre é fácil respondermos, e, por mais que amemos o que fazemos, acredito que todas as pessoas, lá no fundo, no íntimo, sempre ficaram com “a pulga atrás da orelha” ao imaginar o que poderiam ter feito diferente na vida, como segunda opção de ofício.
Acredito que, realmente, cada um nasceu com uma vocação, um chamado (vocar=chamar) para desempenhar algo que acrescente à sociedade, à humanidade. Alguns com uma visibilidade maior. (The Beatles!!! quem sabe??!!) outros com uma visibilidade quase imperceptível (o marinheiro que está protegendo nosso país agora em um farol no Rio Grande do Norte). Entretanto, uma coisa é certa: devemos tentar, na medida do possível, amar o que fazemos. (ou nunca desistirmos de procurarmos nosso ofício de chamado!!)
O interessante é que, o que fazemos passa ser o nosso dia-a-dia, o mais importante para nós. (Afinal quantas horas perdemos, distante de pessoas queridas por esse chamado “ofício”?) Aquelas pessoas envolvidas neste negócio são importantes e nosso status perante elas também. Devemos estar de terno, talvez, afinal todos estão!!!.
Devemos ler os livro ou ver os filmes ou assistir os jogos dos campeonatos, afinal, como ficarei se me perguntarem o resultado do último jogo, e eu não tiver assistido?
A realidade é que aquilo que fazemos, que gostamos, definirá as pessoas que estarão ao nosso redor, que nos influenciam e são influenciadas por nós. Definirá os eventos que julgaremos importantes (que para outros não tem valor algum, mas que para nós é tudo).
O pastor quer um terno novo para o encontro de pastores, e o jogador de futebol a melhor chuteira para a final do campeonato. O que é o terno para o jogador ou a chuteira para o pastor? Mas o ambiente que escolhemos para produzir nosso trabalho e relacionamentos acaba criando em nós a percepção do que valorizamos e damos a maior importância.
Sejamos felizes em nossos ofícios e sempre dispostos a “chutarmos o balde”, se preciso for, para ajustarmos nosso esforço desses, quem sabe, 51 anos de trabalho dando valor ao que de fato valorizamos.
Gilberto Horácio
Um comentário:
Minha missão eu descobri ao admirar um professor de matemática que era fantástico.
Parabéns pela postagem.
Fabrício Algusto- RS
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