Conta-se uma história de uma criança pequenina que pegou uma pedrinha e começou a desenhar na lataria do carro de seu pai, sem que este percebesse. O carro era novinho e caríssimo o que gerou uma enorme ira naquele pai ao perceber que seu carro fora todo riscado. Em seu momento de fúria o pai pegou um pedaço de madeira a bateu muito nas duas mãos do menino repetindo fora de controle: - Criança desnaturada, você não faz idéia do que fez? Você não sabe quanto me custou para comprar este carro? Como você pode ter feito isso? Nunca mais faça isso, nunca mais toque no meu carro.
De tanto receber pancadas nas mãos a criança no dia seguinte teve que ser hospitalizada e duas semanas depois, por se agravar a infecção nas feridas, suas mãozinhas foram amputadas.
Ao chegar para visitar a criança no hospital ainda com faixas enroladas no local das amputações o pai ouviu a criança dizer: - Papai, papai, nunca mais vou riscar o seu carro, nunca mais vou tocar o seu carro.
Esta história nos ensina o perigo de colocarmos nosso coração em coisas acima das pessoas. Aprendi que o mais importante na vida são as pessoas. Ainda que venhamos a sofrer algum dano, prejuízo ou seja lá o que for, as pessoas, e o que elas significam e representam em minha vida será infinitamente maior do que qualquer coisa, repito, qualquer coisa que exista no universo.
Aprendi que as crianças não sabem dar valor às coisas e realmente não tem noção disso, mas há momentos na vida em que o melhor a fazer é agirmos exatamente como crianças. Esquecer o valor das coisas. Porém uma criança sabe muito bem dimensionar o valor das pessoas que a cerca. E neste contexto quero ser sempre como uma criança.
Lembro-me do que disse o apóstolo Paulo aos coríntios: "Irmãos, não sejais meninos no entendimento, mas sede meninos na malícia, e adultos no entendimento." (I Coríntios 14 : 20)
Há momentos que temos que nos comportar como loucos, como fracos, como que estando sem lei, como que dormindo ou desapercebidos. Mas o mais precioso é quando deixamos títulos, protocolos, liturgias e doutrinas e até mesmo tradições ou costumes para sermos simplesmente como uma criança a fim de não darmos tanta atenção a coisas que nos prendem a esta vida materialista em que a “coisa” é mais importante do que um “alguém”.
Talvez não seja o seu carro, mas um simples copo que alguém tenha quebrado em sua casa, uma simples roupa que alguém tenha manchado de mostarda, para fazer você se tornar mais um que colocou o material acima da sensibilidade da presença incalculável do ser humano que está ao seu lado. E eu te garanto; esse sim não pode ser substituído. Ele vale mais que tudo! E, dependendo de nossas atitudes, pode valer até mais que nós mesmos.
Gilberto Horácio
Um comentário:
Amei o texto! Dá uma olhada no meu blog: http://samycici.blogspot.com/
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