Em uma recente obra de ampliação de uma varanda em minha casa, necessitamos, como em toda obra, de madeira.
Pesquisamos pelo melhor preço e encontramos uma grande empresa que trabalha com madeiras a um preço bem mais em conta do que a média do mercado.
Pode-se ver que, no gigantesco galpão, a venda é constante e diversos clientes entram e saem comprando grandes quantidades de madeira diariamente.
Fiquei imaginando vários galpões como estes em toda a cidade de Duque de Caxias, em todo o estado do Rio de Janeiro, em todo o país. A quantidade de madeira adquirida diariamente pelos consumidores finais é assustadora. Pessoas comuns, grandes empreiteiras de obras, indústrias de móveis, etc. São toneladas e mais toneladas de madeira comercializada no país todos os dias.
Minha reflexão se dá pelo fato de, freqüentemente, assistirmos na TV sobre o trabalho da polícia e do IBAMA no combate ao desmatamento da Amazônia, e nos indignamos e ficamos perplexos como madeireiros que atuam no Norte do Brasil, destoem a floresta, sem qualquer sentimento ou remorso visando apenas o alto lucro, momentâneo, produzido com a venda da madeira.
Mas reflito que o comércio ilegal de madeira é alimentado pelas grandes metrópoles, é alimentado exatamente por cada um de nós.
Fazemos belos discursos sobre a preservação de nossas florestas, mas quando precisamos de madeira, compramos. Apenas compramos. Não nos preocupamos com o fato de que a madeira que compramos para nossas obras, assim como a madeira usada em nossos móveis vieram também de inúmeras árvores, que possivelmente foram derrubadas ilegalmente.
Acredito que esse tipo de reflexão e debate devem ser levados cada vez mais sério em nosso dia a dia. A ponto de que seja tamanha a preocupação de todos que acabe sendo uma força impulsionadora de criação de políticas públicas que encontre uma solução séria, definitiva e viável para que possamos utilizar da madeira com a consciência tranqüila de que já evoluímos ao ponto de termos um desenvolvimento, de fato, sustentável. Ao ponto de termos a tranqüilidade de que a madeira que adquirimos em galpões, bem próximos de nossas casas, não é madeira ilegal, mas uma madeira fruto de manejo financiado, controlado e homologado pelos respectivos órgãos competentes.
Os verdadeiros financiadores da destruição da Amazônia somos nós. Isso é fato. As madeireiras estão lá derrubando árvores com risco de extinção, por causa do nosso consumo. Porém não somos culpados. Somos, na verdade, vítimas de nossa própria iresponsabilidade, como seres humanos, em nos preocuparmos apenas conosco e no momento, não importando com o futuro, e nem com quem neste futuro estará.
Mas, se estamos em evolução, como seres inteligentes, precisamos acordar, como cidadãos, como governo, como habitantes da Terra que é preciso que todos se conscientizem e pensem soluções para este problema que nós mesmos causamos e que é de cada um de nós. Grandes idéias e soluções para o problema do desmatamento podem estar escondidos em qualquer cidadão no meio da multidão.
Espalharmos estas reflexões pode ser o começo de descobrimos as grandes idéias. E que elas venham enquanto há tempo.
Gilberto Horácio
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