Outro dia me peguei pensando sobre os desertos que passamos na vida. Me veio à mente a imagem de uma menina israelita, talvez com seus doze anos de idade, uma daquelas que saiu da terra do Egito rumo à terra prometida por Deus, de uma terra de escravidão para uma terra de liberdade, paz e descanso, um lugar onde se pudesse viver feliz. Eu não sei bem como isto me veio à mente, mas tentei me colocar no lugar desta personagem e sentir o que ela sentia junto àquela multidão que seguia Moisés em fuga pelo deserto, deixando o Egito e tudo o que ela conhecia para trás.
O que me fez fascinar por esta linda revelação foi imaginar como foram seus dias errantes pelo deserto. Dias de angústia, dias de falta de esperança, mas dias também de revelação da presença de Deus no meio do deserto. Acredito que em muitas madrugadas, próximo às cinco da manhã, antes do nascer do sol, ela deveria acordar e ficar em silêncio pensando, olhando toda aquela multidão dormindo sobre a areia do deserto em meio às bagagens e aos animais. Ela certamente pensava que mais um dia estaria prestes a começar, um dia que traria com ele muito sol, calor, cansaço, dor e fadiga. Ela sabia que várias daquelas pessoas naquele deserto não resistiria nem mais um dia, e ali já estavam destinados aqueles que não teriam a chance de ver o pôr do sol do dia seguinte, porque ficariam sepultados pelo caminho, como diariamente acontecia.
Então tento entender de onde ela tirava forças para se levantar e avançar. E chego a certeza de que ela sabia que não poderia parar e nem desistir. Se ela desistisse, ela seria o pó daquele deserto, apenas o pó daqueles muitos que desistiram e ficaram sepultados ali. Ela entendia, que mesmo que estejamos no deserto, só existe uma alternativa: continuar caminhando. Sim, caminhando. E mesmo que não se alcance o destino, mas a cada passo ficamos mais próximos dele. Mesmo que seja difícil a jornada, ela tem seus propósitos e o simples fato de não desistir jamais já nos faz mais que vencedores e campeões.
Tenho absoluta certeza que aquela menina alcançou Canaã. Sim, ela foi uma das tais que pisaram na terra prometida. Seus olhos viram o poder que há em alcançar aquilo que Deus prometeu para todos aqueles que não desistem de caminhar.
Deus conhece todos os vales e desertos e todos os montes. Ele conhece todos os desertos. Ele conhece o deserto. É no deserto que se instala o tabernáculo, porque onde há a aparente escassez, o milagre da vida de Deus se manifesta, mostrando que sua presença e o suprimento que precisamos para vivermos e conquistarmos. Não é preciso conquistar para desfrutar, mas simplesmente desfrutar o conquistar.
Se estivermos em desertos agora; talvez você esteja em um, saibamos que ao nascer do Sol, Deus proverá a força de cada passo dado para que aqueles que não desistirem tenham o vigor de avançarem até que seus pés pisem naquilo que Deus prometeu, pois Ele é fiel.
Levante agora e avance, eleve os teus olhos e talvez antes do pôr do sol, você verá no horizonte aparecendo já, tudo aquilo que Deus lhe prometeu.
"Retenhamos firmes a confissão da nossa esperança; porque fiel é o que prometeu." (Hebreus 10 : 23)
Gilberto Horácio
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