Os judeus viveram, por muitos anos, sob forte escravidão no Egito. Isso lhes fez entender o que significa ser um escravo. O escravo não vive para si, mas unicamente para servir ao seu senhor. No Egito o jugo era muito grande e a servidão era para sempre.
Quando os filhos de Israel obtiveram a libertação, através da mão forte de Deus, e passaram a ser senhores e possuírem escravos, seguiram firmemente a orientação da lei sobre a escravidão de pessoas.
Os servos dos judeus serviam por 6 anos aos seus donos e no sétimo ano eram libertos, estavam autorizados, pela lei, a irem embora, da casa de seus senhores, para onde quisessem. Entretanto, como os israelitas tinham grande respeito por seus servos, de certa forma, os tratavam bem, de tal forma que quando chegava o fim dos 6 anos, muitos deles estavam tão apegados à vida e à família de seus senhores, que não desejavam partir; simplesmente abriam mão da liberdade para continuarem servindo a seus senhores.
Nestes casos, a lei orientava que estes escravos deveriam ter a orelha furada e assim, perante o juiz e a lei, estes escravos passariam a servir a seus senhores para sempre.
“Então seu senhor o levará aos juízes, e o fará chegar à porta, ou ao umbral da porta, e seu senhor lhe furará a orelha com uma sovela; e ele o servirá para sempre”. Êxodo 21:6
Todas as pessoas que servem a Deus, de alguma maneira, em uma igreja, em um campo missionário ou em um trabalho humanitário qualquer, servem e exercem cotidianamente suas funções de forma voluntária. Todos estes servos estão na presença do Senhor Deus com a possibilidade de partirem a qualquer momento, mas na essência, sabem que não poderão viver longe do Senhor, pelo fato da vida está intimamente apegada ao Senhor da vida.
É extraordinário pensar que se escravos achavam abrigo e conforto em pessoas humanas para furarem a orelha e desejarem servir seus senhores para sempre, infinitamente maior e incompreensível é a devoção e o apreço daquele que já provou o amor e o cuidado do Senhor de sua vida, o Senhor Jesus.
Lembro-me do fato de que, em certa ocasião, quando Jesus falava aos discípulos de si mesmo, muitos deles voltaram atrás e desistiram de segui-lo. Entretanto, ao serem os doze restantes interrogados por Jesus se também não desejavam partir, Simão Pedro lhe respondeu uma das mais lindas expressões da bíblia; ele disse: “Senhor, para onde iremos nós? Tu tens as palavras de vida eterna”.
Essa é a pergunta que todos aqueles que amam e servem ao Senhor fazem em todos os momentos que surgem as propostas do mundo de fazer-nos desistir do servir a Cristo: “Para onde irei eu, se só o meu Senhor tem as palavras de vida eterna?” João 6:68.
Um dia eu percebi que poderia partir e viver sem as obrigações e restrições impostas a quem escolhe viver e servir a Cristo. Entretanto, decidi, escolhi, optei em furar a orelha e servir ao meu Senhor para todo sempre. Por quê? Porque Ele é bom, e sua misericórdia é eterna. Porque me ensinou que posso ser seu filho por adoção e receber como herança a vida eterna.
Então… Para onde iria eu?
“Sacrifício e oferta nãos quiseste; as minhas orelhas furaste”. Salmo 40:6
Gilberto Horácio
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